O indivíduo, ainda não identificado, rasgou uma faixa em solidariedade às famílias das vítimas e destruiu cruzes de madeira fincadas ao solo no Paraná. Ação ocorreu quandoo Brasil registrou um novo recorde de mortes por Covid-19, foram 3.650 óbitos no dia de ontem
Em 27 de março de 2021
Toledo – Paraná – Uma iniciativa desenvolvida por diversos sindicatos de Toledo (PR), intitulada Comitê de Resistência e Solidariedade, criou, na madrugada de sexta-feira (26/3), uma homenagem às mais de 300 mil vítimas de Covid-19 no país e suas famílias: foram afixadas faixas e cruzes de madeira como forma de lembrar e protestar pelos que se foram em razão da doença.
No entanto, o projeto organizado pelo grupo foi brutalmente destruído horas depois, por um homem negacionista que passava pelo local.
A atividade desenvolvida pelo projeto social, criado no início da pandemia por mais de 40 entidades, ocorreu em frente ao lago municipal de Toledo e a um shopping da cidade.
A proposta dos manifestantes consistiu em posicionar na grama faixas e cruzes. Em uma das faixas, estava escrita a mensagem “Nossa solidariedade aos familiares de mais de 300 mil mortos vítimas da Covid-19”. Embaixo, havia a assinatura do Comitê de Resistência e Solidariedade.





Já em outro banner, que em um vídeo compartilhado nas redes sociais aparece sendo rasgado pelo indivíduo, estava escrito: “Vacina Já! Gratuita e para todos #ForaBolsonaro”, também assinado pelo grupo social de sindicatos da cidade.

Segundo Alfonso Klein, coordenador do Comitê, enquanto as faixas e as cruzes de madeiras foram colocadas na área, chegaram ao local o secretário de Segurança Pública de Toledo, o secretário do Meio Ambiente e o assessor pessoal do prefeito Beto Lunitti, bem como guardas municipais.
“Estávamos cumprindo uma função da prefeitura, de conscientizar e ter empatia, se colocar no lugar do outro e se solidarizar com as famílias que perderam entes queridos. Mas os agentes do governo estavam lá para nos convencer a tirar nossa homenagem do local. Eles foram todos coniventes com o ato brutal do indivíduo”, explicou Klein.
Além disso, o coordenador declarou ainda que o homem agiu silenciosamente e que não foi possível impedi-lo de destruir os materiais.
“Antes de entrar em ação ele ficou resmungando contra a ação, mas com a gente ele não chegou a falar. Na hora, estávamos dando entrevista para a televisão local e ele já chegou destruindo, já chegou em situação de agressor. Não sabemos quem é ele”, relatou.
Orientado por figuras jurídicas, o Comitê irá à delegacia para prestar boletim de ocorrência contra o homem envolvido no ato de vandalismo. Além disso, Klein afirmou que a equipe já tem em mente novas estratégias para informar a população a respeito da gravidade do vírus, assim como para homenagear famílias prejudicadas com a pandemia.
“Eu chamei atenção de todos esses, que não eram a família deles que estavam ali, que as cruzes não simbolizavam parentes deles, por isso fizeram isso. Foram de encontro ao direito democrático. Concluímos que a prefeitura deveria estar do nosso lado. A única coisa que queremos é a defesa da vida. Mais que isso, queremos conter um inimigo em comum para todos os brasileiros, independente de ideologia”, finalizou o ativista.
Flagrante em vídeo
Nas imagens o homem, não identificado nas imagens, chuta as cruzes de madeira de forma bruta e intencional. Em seguida, pouco tempo depois, o homem segue em direção à faixa e começa a rasgá-la por inteiro.
Um dos responsáveis pelo ato solidário era a pessoa que estava filmando a ação de vandalismo. No vídeo, ele diz “Bolsonarista, chutando, né? É isso. A vida em primeiro lugar”, declara o ativista.
Sem responder ao organizador da iniciativa, o homem continua a destruir a homenagem. Instantes depois, o filmmaker pede para que chamem a polícia para ajudar. Na filmagem, não dá para identificar o conteúdo falado pelo vândalo ao fim do vídeo.
Parecer do governo
Em nota, a prefeitura do município apontou que a faixa foi retirado do local por “um popular contrário ao movimento” e que, após o ato, os agentes da prefeitura retiraram as cruzes do local com apoio dos manifestantes.
Leia a íntegra do material:
“A Prefeitura de Toledo esclarece seu apoio à democracia e ao direito de expressão em relação ao ato realizado nesta manhã no Parque Ecológico Diva Paim Barth, que cumpriu seus objetivos, haja vista que foi fotografado.
Reitera seu apoio aos diversos movimentos e que o material foi retirado após negociação com a organização do manifesto.
Aponta ainda que não houve cerceamento ou discussão com os manifestantes, apenas a retirada das cruzes, que estão à disposição dos responsáveis na Secretaria do Desenvolvimento Ambiental e Saneamento.
Informa ainda que o Código de Posturas do Município impede a fixação de qualquer tipo de material em áreas públicas sem a devida autorização.
Outrossim, reafirma o respeito aos manifestantes e que a destruição do material não partiu de nenhum agente público e sim de um popular contrário ao movimento”.
Fonte: Metrópole
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