Nas redes sociais e na TV, peça virou alvo de debates
Uma nova manifestação artística está causando polêmica nas redes sociais. Desta vez o motivo foi a interação entre uma criança acompanhada por sua mãe e um coreógrafo completamente nu no palco. A apresentação foi no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Um dos artistas da exposição, Wagner Schwartz, apresentou-se completamente nu em pleno tablado da mostra. Muitas pessoas assistiam à cena. No entanto, o que irritou mesmo os internautas foi o fato de que uma menina, de aparentemente 4 anos, ter tocado o corpo do artista sem roupa.
Em nota, o MAM defendeu o artista e disse que apresentação ocorre a portas fechadas e que havia um anúncio sobre o conteúdo que ali era visto. A garotinha, que não teve o nome identificado, estava ao lado da mãe.
Já internautas, até mesmo alguns de esquerda, acharam tudo exagerado e acreditam que, para evitar polêmica, alguém deveria ter proibido a entrada da família no local, por ali estar um homem nu.
A ideia é que Wagner fosse uma espécie de interpretação da obra Bicho de Lygia Clark, que são esculturas de alumínio com dobradiças que podiam ser manipuladas pelo público.
Debates na TV
O programa “Encontro com Fátima Bernardes” desta sexta-feira, 6, apresentado pela substituta oficial da TV Globo, Ana Furtado, retomou o assunto da performance do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM.
Ao abordar o tema, uma senhora da plateia, dona Regina, colocou-se contra a situação. “Eu não sou contra a arte, mas sou contra a exposição da criança ali daquela forma. Eu sou contra a mãe que levou a criança, porque um adulto, tudo bem, mas será que essa criança foi preparada?”, questionou.
Convidados do programa, os atores Andreia Horta e Bruno Ferreri ficaram incomodados com a opinião da senhora. “Prefiro não comentar”, disse a atriz em tom sarcástico.
Na sequência, o ator decidiu responder a opinião da senhora. “A criança foi exposta ao quê?”.
“Ao nu mesmo e tocando ali [no pé do artista]. Pra quem assistiu não foi legal, pra quem estava em casa, como eu. Entendeu?”, respondeu a aposentada.
A partir daí, Bruno preferiu ficar calado, e deu a vez à Andreia responder. “Direito à opinião é liberdade. Todo mundo tem que ter direito a tudo. O que não posso é obrigar você a pensar como eu e nem o contrário. Não estamos conseguindo ter discussões abertas sobre as coisas. As opiniões estão reduzidas às redes sociais. Virou uma arena sangrenta, onde as pessoas ofendem. Eu coloquei minha opinião lá e fui ofendida de todas as maneiras possíveis. O que as pessoas viram, no vídeo, não estava à altura do que estava acontecendo na exposição. A exposição é absolutamente delicada. A performance dele é extremamente delicada, não tinha nada de violento ou pornográfico. Há uma distorção muito grave do que houve ali, tomando proporções inacreditáveis. É terrível que um corpo nu seja um choque, inclusive para o brasileiro”, discursou Andreia.
Antes mesmo que a atriz pudesse concluir, a senhora intercedeu e disse: “na criança”.
Prontamente, Ana Furtado acrescentou uma frase à fala de dona Regina: “Que estava acompanhada da mãe”, referindo-se à presença de um adulto com a criança.
O TÍTULO DO VÍDEO É SENSACIONALISTA. AS OPINIÕES FORAM CONTRÁRIAS, MAS DENTRO DO RESPEITO MÚTUO.
Divergência também no “Altas Horas”
Enquanto falavam sobre museus na França que incentivam crianças a observarem o corpo de pessoas desnudas como continuação da cultura antiga, Claudia Raia trouxe o assunto à tona. A atriz considerou um absurdo as críticas sofridas pelo museu.
“A mãe tava levando a criança, e a mãe deixou a criança tocar [no homem]. Você é responsável pelo seu filho, ou você leva ou não leva. Tudo começa de casa, né?” comentou a atriz, que foi interrompida pelo vocalista do grupo Raça Negra, Luiz Carlos.
“Eu, pessoalmente, não concordo que uma instituição como um museu e uma mãe também peguem um homem nu. Eu acho horrível o que ela fez, deixar uma menina de 4 anos de idade tocar esse corpo. E se ela, na inocência dela, vai no órgão sexual?”, disse o cantor.
Claudia rebate: “Sabe o que acontece? Aí é a educação de cada um, né? Como é que você vai interferir e falar para uma mãe: ‘Olha, isso que você tá fazendo é errado’. A gente não sabe como ela foi criada. E se ela foi criada de uma maneira mais livre?”
Não é a primeira vez que uma exposição provoca fúria dos internautas. Recentemente, a ‘’Queermuseu’’ foi acusada de pedofilia por trazer obras como a ‘’Criança Viada’’. O banco Santander, que bancava à exposição em Porto Alegre (RS), decidiu tirá-la de cartaz, após os próprios correntistas decidirem cancelar as contas que tinham no banco.