Segunda onda da doença atinge 75% de todo o Rio de Janeiro de forma mais intensa. Regiões Metropolitana I e II e Noroeste passam a ser classificadas com bandeira vermelha, cuja recomendação é de suspensão das atividades econômicas não essenciais. A capital do Rio e governo do Estado anunciaram novas medidas para conter avanço da doença, mas epidemiologista avalia que elas são ‘insuficientes’.
Em 11 de dezembro de 2020
Júlio Andrade – Júlio do Boca no Trombone
Rio de Janeiro – O mapa de risco elaborado pelo governo do Rio mostra que 75% da população do estado — pessoas que moram nas regiões Metropolitana I e II e Noroeste — está em locais considerados de alto risco para o coronavírus (bandeira vermelha). O dado é da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 e foi divulgado nesta quinta-feira (10).
Com a mudança, o estado passa a ser classificado com a bandeira laranja, de risco moderado — antes a classificação era de bandeira amarela, de baixo risco (veja abaixo como é feita a classificação).
As regiões da Baía da Ilha Grande, Baixada Litorânea e Serrana, que juntas concentram 12% da população do RJ, também estão classificadas em risco moderado, o que abrange os municípios de Angra dos Reis e Mangaratiba.
As demais regiões do RJ — Médio Paraíba, Centro-Sul e Norte — continuam com baixo risco (bandeira amarela).
Na edição anterior do mapa, de 27/11, apenas a Região Metropolitana II apresentava alto risco (bandeira vermelha). Já as regiões Metropolitana I, Baía da Ilha Grande e Médio Paraíba tinham risco moderado, com bandeira laranja. O restante do estado estava classificado em baixo risco para a Covid-19 (bandeira amarela). Veja no fim desta reportagem a evolução do Mapa de Risco no RJ.
O estado do Rio registrou, nesta quinta, mais de 100 mortes e 3 mil casos da Covid-19 pelo terceiro dia seguido, segundo balanço divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde. Os altos números vêm sendo uma constante do mês de dezembro. Ao todo, o RJ já registrou 23.546 óbitos e 381.644 casos da Covid-19.
Itaguaí e Seropédica
Com essa divulgação, municípios como Itaguaí e Seropédica são considerados locais de alto risco para a Covid-19 nesta segunda onda da doença. Devendo assim ter medidas de restrição em áreas não essenciais, incluindo o comércio. Para epidemiologista, serviços não essenciais devem ser fechados até uma diminuição no contágio da doença.
Veja como é composta algumas regiões do Estado
Região Metropolitana I é composta pelos municípios do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Magé, São João de Meriti, Belford Roxo, Nilópolis, Mesquita, Nova Iguaçu, Queimados, Japeri, Seropédica e Itaguaí, tendo o município do Rio de Janeiro como pólo regional.
Região Metropolitana II do Rio de Janeiro é formada por sete municípios, re- presenta 6,18% do território do estado e 11,89% da população estadual. Integram a Região, os municípios de Itaboraí, Maricá, Niterói, Rio Bonito, São Gonçalo, Silva Jardim e Tanguá.
Região Noroeste do estado é composta pelas cidades de Itaperuna, Bom Jesus do Itabapoana, Italva, Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula, Varre-Sai, Santo Antônio de Pádua, Aperibé, Cambuci, Itaocara, Miracema e São José de Ubá.
Baía da Ilha Grande é formada pelos municípios de Angra dos Reis e Paraty
Novas medidas para a capital do Estado, Rio de Janeiro já foram anunciadas
Nesta quinta, a Prefeitura do Rio anunciou novas medidas para conter o contágio do novo coronavírus. As regras foram definidas após uma reunião com o prefeito Crivella, o governador Cláudio Castro e os secretários de Saúde municipal e estadual.
O dia em que as medidas entrarão em vigor ainda não foi confirmado.
Confira o que muda na cidade do Rio de Janeiro
• Escalonamento dos horários de funcionamento da indústria (a partir das 7h); dos serviços (a partir das 9h); e do comércio (a partir das 11h), para evitar aglomeração nos transportes públicos.
• Proibição de estacionamento na orla nos fins de semana e feriados;
• Cancelamento das áreas de lazer nas orlas de Copacabana, Ipanema e Leblon e no Aterro do Flamengo aos domingos e feriados (as pistas, portanto, não serão fechadas ao trânsito de veículos);
• Proibição do uso de áreas comuns de lazer em condomínios, onde não são usadas máscaras, como saunas e piscinas.
• Permissão para shoppings e Centros Comerciais ficarem abertos 24 horas, para evitar aglomerações nos meios de transporte – essa medida já tinha sido anunciada.
‘Medidas são insuficientes’, diz epidemiologista
Em entrevista ao Bom Dia Rio nesta sexta (11), o epidemiologista e diretor de pesquisa do Hospital do Fundão, Roberto Medronho, disse que as novas medidas são “insuficientes” para conter o avanço da doença no estado.
“Nós esperávamos que fossem decretadas medidas um pouco mais avançadas do que essa. A única forma de nós controlarmos a pandemia é com as medidas farmacológicas e essas medidas decretadas agora ainda estão muito insuficientes”, disse Medronho.
“A demanda por leitos está crescendo cada vez mais e nós precisamos refletir sobre este comportamento que toda a sociedade está tendo e também os governantes”.
Para o especialista, o escalonamento, apesar de ajudar a conter a doença, não deve resolver o problema.
“O escalonamento que nós pedimos na nossa técnica lançada recentemente é muito bem-vindo. Esta é uma medida objetiva, tendo em vista que nenhum governante conseguiu fazer com o que o transporte público fosse mais, digamos, confortável e menos perigoso para os usuários, entretanto, muito insuficiente”.
Entenda a classificação
Cada bandeira representa um nível de risco e um respectivo conjunto de recomendações de isolamento social, que variam entre as cores roxa (risco muito alto), vermelha (risco alto), laranja (risco moderado), amarela (risco baixo) e verde (risco muito baixo).
Na classificação em bandeira vermelha, além das medidas da bandeira laranja, a recomendação é suspender as atividades econômicas não essenciais; e definir horários diferenciados nos setores econômicos para reduzir aglomerações nos sistemas de transporte público.
A bandeira laranja indica que precisam ser cumpridas todas as medidas de distanciamento social já adotadas na bandeira amarela, além de medidas adicionais, como: suspensão de atividades escolares presenciais; proibição de qualquer evento com aglomeração; adoção de distanciamento social no ambiente de trabalho; avaliação da suspensão de atividades econômicas não essenciais, com limite de acesso e tempo de uso dos clientes; e avaliação da adequação de horários diferenciados nos setores econômicos para reduzir aglomerações nos sistemas de transporte público.
Veja abaixo a evolução do Mapa de Risco da Covid-19 no RJ:
Com Bom dia Rio e G1