O Teatro Municipal de Itaguaí receberá no próximo dia 28/12, a peça “Julgamento Social”. A peça é uma coletânea de 12 (doze) monólogos, com textos baseados em fatos reais que acontecem no nosso dia a dia e que foram elaborados a partir de laboratórios ao longo de 15 anos, com relatos de cada personagem.
Usando uma linguagem simples e direta, o autor procura conscientizar as pessoas de que o preconceito e a discriminação, não podem fazer parte de nossa sociedade.
Personagens
SEM TERRA – Retrata o descaso do governo na questão da distribuição de terra. O crescimento de latifundiários, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde milhares de pessoas perderam suas casas e terras. Esse personagem mostra também o lado forte e aguerrido desse povo tão sacrificado.
MARGINAL- O texto mostra o lado esquecido por todos, ou desconhecido por muitos. O personagem aborda a questão do sistema carcerário no país, que serve unicamente para marginalizar ainda mais o indivíduo. A discriminação que sofre um ex-presidiário é uma realidade viva em nossa sociedade.
TOXICÔMANO – O consumo de drogas entre jovens e adolescentes, vem crescendo assustadoramente em todo o país. O medo, a discriminação e o abandono, levam os jovens buscarem nas drogas uma saída ou até a salvação. No entanto, esse caminho, na maioria das vezes, não tem volta. O texto tenta mostrar que ainda é tempo de parar e ao invés de discriminar, a sociedade deve sim, estender a mão.
PROSTITUTA – Esse texto mostra de forma clara o preconceito e a discriminação contra essas mulheres que fazem do seu corpo, uma forma de ganhar a vida. Essa sociedade é a mesma sociedade que quando interessa se utiliza delas, humilha, discrimina e prende. A fala da personagem revela essa dor. Grita por socorro. Suas gargantas estão com espinhos atravessados, pois não aguentam mais serem perseguidas pelos mesmos que as usam.
HOMOSSEXUAL – Assim como a prostituta, o personagem convive com o preconceito. Muitos vivem divididos pela questão genética, enquanto os outros por uma opção sexual. Mas onde está o crime? O homossexual que o texto retrata não é o mesmo que é encontrado nas grandes avenidas vendendo seus corpos. Mas ainda assim luta para ter seu espaço na sociedade.
MENOR ABANDONADO – O texto retrata a realidade de milhares de crianças no Brasil, que na maioria das vezes a grande mídia não mostra. Eles só aparecem nas telas e páginas dos veículos de comunicação, quando existe o interesse da mídia em transformar a miséria e o abandono em algum prêmio no exterior. Usam a miséria e a pobreza como escada para seus fins. O personagem é o porta-voz desses milhares de crianças que não possuem nem mesmo um lar para se abrigar. No Brasil, o futebol, o samba e algumas Ongs, recebem fortunas do poder público. Enquanto isso, as crianças, em especial as do nordeste, não sabem nem o que é um pedaço de pão ou um caderno ou lápis. Estão abandonados a própria sorte e discriminados por serem assim.
O NEGRO – O Brasil viveu momentos tristes que até os dias de hoje, causam vergonha. A ESCRAVIDÃO. Homens, mulheres e crianças, eram retirados de suas terras e trazidos contra sua vontade, para servirem aos desejos mais insanos de seus senhores. O tempo passou… a escravidão “acabou”, mas o racismo continua. Os negros não são tratados e forma igualitária. Nas universidades existem cotas para eles. Nas grandes empresas são 10 brancos para 1 negro, e esse sempre com uma função pejorativa. Esse texto vem mostrar que todos são iguais perante a Constituição e perante a Deus.
VELHO – Chegar a terceira idade, é prova viva de vitória. Mas por outro lado, o idoso em nosso país vive praticamente das esmolas que são deixadas. O aposentado que contribuiu anos após anos para construir esse país, são esquecidos e abandonados. O idoso não pede nada mais que RESPEITO…respeito por tudo ajudou a construir. É um texto emocionante, onde o personagem usa de toda a sua sabedoria para pedir socorro.
O ARTISTA – A vida de artista no país, já passou por muitas transformações. São representantes legítimos da comédia e do drama. Não são só meros contadores de histórias…eles (nós) a vivemos. Não importa se é em um teatro fechado, numa praça ou até mesmo num picadeiro. Ser artista é alimentar antes de tudo, a nossa própria alma e nem por isso somos VAGABUNDOS. Todos nós nascemos artistas, temos dentro de nós milhares de personagens que no dia a dia usamos de acordo com a nossa necessidade. A arte está no sangue e no coração. O teatro nos alimenta, o palco é a nossa fonte de energia.
NORDESTINA – O povo do nordeste do Brasil, é um povo lindo. Muitos não conhecem de perto a vida de um nordestino. Uma gente trabalhadora e hospitaleira. Um povo sofridido, mas que ninguém poderá contestar. O nordeste nos deu muita gente boa: Ariano Suassuna (João Pessoa), Artur Azevedo (Maranhão), Castro Alves ( Bahia), Dias Gomes ( Bahia), Manoel Bandeira ( Recife), e tantos outros. Mesmo assim, o povo nordestino é o mais humilhado e perseguido, o mais discriminado entre todos da federação. O texto vem de forma acintosa mostrar e reivindicar RESPEITO.
MORADOR DE RUA – Não é muito difícil encontrar em qualquer praça, de qualquer cidade, grupos de moradores de rua. O que é difícil ver,entretanto, são ações do poder público para ajudar essa população que cresce a cada dia. As ações quando acontecem, são de forma arbitrária, onde essas pessoas já humilhadas por sua condição de vida, se sentem ainda mais desprotegidas. O texto tenta responder algumas perguntas que são feitas, mas que o poder público jamais se deu o luxo de responder.
OMISSO – É o retrato exato do que somos. COVARDES. O texto vai mostrar que cada um de nós carrega em seu ombro o peso do preconceito e da discriminação, em que camadas de nossa sociedade vivem.
Os ingressos custam R$ 20,00 inteira e a meia entrada R$ 10,00. A Peça ocorre no dia 28/12 em dois horários as 18 e 20 horas.